sexta-feira, 22 de julho de 2011

Insensatez

Insensatez



Vago no caminho das estrelas,
Quando você bocejava,
Os anjos cantava!
No perdemos em meio ao deserto,
O teu sorriso me alegrava,
Menino tu era meu desatino,
Meu amor desde menina,
Sinto o vento soprar frio,
Tu costumava ser meu melhor amigo,
Estrelas cadentes caí do céu,
Vou pedi para ela trazer você de volta!
Sinto tua falta,
A lua cheia alumiava nossos caminhos juntos com as rosas,
Andávamos de mãos dadas pela praça,
Agora que se foi perdi teu carinho,
O teu amor me alimentava,
dias perdidos noites sem dormi,
Há saudade bate forte no peito,
Quando você se foi,
Sangrei por dentro,
Esse foi o amor que tanto sonhei?
Hoje sou uma criança que chora,
Como pássaro que perdeu o ninho,
Tu levou consigo  todos meus sonhos,
E esperança,
Partiu meu coração em pedaços,
Quando a noite caí sinto saudades,
De um amor que se perdeu em meio ao caminho,
Teu sorriso era tão convidativo,
Costumava me perde no brilho do teu olhar,
Foi tão fácil se apaixonar!
O coração  ainda queima  por você ,
Adorava me perde nos teus braços,
E navegar no teus beijos,
O teu toque me acalentava,
foi com você que aprendi o verbo amar,
Volte deixe o coração bater novamente,
Te amarei eternamente,
O amor vai nos liberta!
Volte com teu belo sorrir para me encantar!
Namorar em frente ao luar!
Insensato coração,
Fiquei aprisionado nessa paixão!

Maria

domingo, 17 de julho de 2011

Magoas

 Magoas

Afogarei minhas magoas numa taça de vinho tinto!
Chorarei há lágrima de sangue mas triste,
Que alguém um dia chorou nessa vida,
Basta-me o desespero,
Essa noite tive um pesadelo acordada,
Gritos sufocados,
Rituais macabros,
Nos perdemos em alguma esquina,
Restará o choro e sonhos de menina,
Perdi a luta!
Coração despedaçado,
Nua abusada e acorrentada em meios aos deuses,
Afasto-te vento teu barulho avarento,
Vagarei na eterna escuridão,
Onde foi partido meu coração,
Serei brava e heróica!
Vagarei em outros campos sagrados!
Desejo sepultados,
Apenas te direi "adeus",
Lilith rainha demoníaca,
Me acolha no teu manto santo de tristeza!
Me perdi no breu,
Coração negro apogeu,
Da-me tua ciência,
Lôbrego caminho.
Doce desilusão,
Como cacos de vidros ficou meu coração,
Morreu eterna paixão,
Faltou o chão,
mundo  cão!
Sentimento sepultado vivo sem caixão,
Envenenei-me com um copo de martírio
Vítima fatal do suicídio
Vagarei sem rumo na escuridão,
Última dança no mausoléu de paixão!
Me tornarei cinza,
renascerei das estrelas,
Que nos ilumina!

Maria

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Renascer

Renascer


Já faz um tempo que você se foi!
Levo rosa vermelhas no seu túmulo,
Morreste e foi enterrado em baixo da figueira,
Flores rosas e brancas foi o que sobraste,

No caixão,
Agora não existe nem luz e nem risos,

Nem teu calor,
Deixaste apenas saudades,
Há saudade é  sufocante,
Tudo jaz és escuridão,
  O riso perdeu o brilho,

deixaste-me no labirinto
Sobrou só melancolia,
Te amo tanto,

Essa vida de desencontro,
Abriste um abismo entre a vida e a morte,

Entre nos!
O coração não pulsa mas,
Agora tudo já és silencio,
Para meu tormento,
Toda noite é a mesma agonia,
Depressão e melancolia,
Na primavera as flores renasce,
Que sabe naquele pé de figueira você não volta há vida,

Viver é divino morrer que é triste!
Sem ti aqui é triste olhar o luar,
Teu canto não existe mas,

O violino parou de tocar
  Teus olhos castanho se apagou,
  Não existe mas para me fascinar,
Hoje só existe saudade,
Tu era meu dilema e meu destino,
  Me deixou solitária e esquecida!

Como a rosas encima do túmulo,
Deixe-me só  silêncio e melancolia,
Na noite abriu-se um abismo entre nos,
Eu te ouço,
Mas como te verei?
Há eternidade nos separou,
Ainda escuto os sinos da igreja,
Naquela tarde você me deixou !
Foi duro perde-te grande amor,
Se perdeu em meios as cinzas,
Tua alma tinha o cheiro das rosas,

Quando partiste,
Sobre meu mundo caiu um cometa!
Da árvore urbana,

Tu já és há mais bela flor do campo!
Meu amor é profundo,
Ainda sonho contigo!

Ao olhar as estrelas,
Fico triste e solitária,
Em meio tantas estrelas do profundo e imenso  Céu!

Maria

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Dias Mórbidos

Dias Mórbidos

 Chuvas depressivas cai dentro do meu ser,
A dor se tornou insano,
Vejo todos os dias aos poucos morrer por dentro,
Os dias passa tão rápido como o vento,
Vejo minha carne aos poucos fenecer,
As estrelas se esconde por entre a nuvens dias nublados,
Acho que vou enlouquecer,
Lágrimas moribundas insisti em cais sobre a face sombria,
Caminhos por entre a sombras a sociedade não entende mas Minha dor,
Me perco no desamor,
O luar que eras meu amigo já não vejo mais,
Trancada nas correntes do meu ser,
Me afogo em lamentações,
Sonhos da mocidade já não cultivo mas,
O cheiro de rosas negras nascidas  sinto no ar,
Me escondo nos segredos do meu ser !
Eu rezo para que ele um dia volte,
E traga a luz das estrelas e do luar pra mim,
Meu corpo é a cela e prisão,
Murmúrios de um coração solitário que busca seu amor,
 Meu destino é um paraíso cinzento,
Criança sonhadora que um dia perdeu o lar,
No fim acabou toda sua inocência,
Sua juventude foi jogada fora,
Vejo anjos caídos perto de mim,
Há me observar,
O céu de triste e sozinho  nesse dia chorou!
Ferida com um moribundo coração carente,
Vi a morte te levar,
Foi o bastante para eu desabar!
perdi toda esperança,
Triste e solitária vejo os tempo passar lentamente,
O resto é silêncio!
Maria



segunda-feira, 11 de julho de 2011

volúpia

Volúpia

 No  leito o desejo cresce !

Explorando nossos corpos,

  Queima como brasa ,

Nesse êxtase de desejo meu corpo padece,

Teus lábios é doce como o mel,

Teus beijos me leva ao céus!

Teu rosto maroto me enlouquece,

Teus lábios são como as flores do campo,

Divino impudor da mocidade,

Quando nos amamos nos perdemos em explosões,

Esse desejo louco que nos  enlouquece,

Anjo divino,

Nasceste da lua cheia,

Amor que termina  na minha cama,

Bebemos vinhos na alvorada!

Menino cheio de manhas,

Acorda na minha cama!

Tuas mãos macias me careciam,

Na semana trocamos cartas apaixonadas!

Quando ficas longe de mim  fico tristonha,

Torcendo que chegue o fim de semana!

Finalmente chega o sábado,

O céu de cinza se torna azul ,

Nos dois tomando banho no banheiro nus,

O sol está lá fora há brilhar!

Mato a saudade nos teus braços,

De amor desfaleço,

Quero sentir o aconchego dos teus beijos,

Por eles anseio!

No jardim encontro rosas vermelhas a sorrir,

Colhe um botão e coloca por entre meus cabelos,

Quando estamos juntos o tempo voa,

Namoramos em frente o  luar ,

Fitamos o anoitecer do  céu estrelado!

Na juventude o sangue pulsa,

O Corpo fica quente!

Acabamos nos ardentes lençóis!

Terminamos nos doce beijos  de delírio,

Quando nosso lábios se toca!

Meu corpo estremesse,

 Durmo sobre teu peito,

Há realidade de te amar,

 Contigo amor que vou sonhar!

Maria


domingo, 10 de julho de 2011

Marry

Marry


Menina sonhadora,
Seus olhos negros e sangrento,
Frio e cheio de dor,
Menina quimera!
Se perde nos sonhos de primavera,
17 anos de tristeza e melancolia,
Lágrimas não cai mais  que as chuva de verão,
Chegou mais uma nova estação,
Se perde em meio há  solidão,
Pisa nas flores espalhadas pelo chão,
Sofre de depressão,
 Um dia perdeu um grande amor,
Vidros quebrados e espalhados com sangue pelo azulejo,
Ouvimos grito e dor,
Perdeu uma grande amor,
Marry nunca perca sua "esperança",
Lembre-se dos teus sonhos de  criança,
Menina magra,alta e pálida,
Coração partido e ferido,
Há saudade rola coma  as águas dos rios,
Leva na mente pensamentos suicidas,
Não choro mais Marry o tempo voa,
Lágrimas não dura mais que há  garoa,
O sol sempre vem com a luz do dia,
Para teus olhos negros se perde na imensidão do céu azul,
Noite de céu estrelado,
Luar prateado,
Brincava de boneca quando criança,
Recupere seus sonhos menina mulher,
Fita vermelha no cabelo,
Um olhar vago e esperançoso surgiu,
 De pés descalço na margem do  rio,
Sonha com seu novo amado,
"O poeta conta mais uma história triste",
Há vida é grandiosa para aqueles que tem amor,
Marry logo encontrará um novo peito para  sentir o coração palpitar,
Beijo longo e carinhoso,
Logo nascerá uma linda rosa vermelha  na sombras do seu Coração ,
E uma nova paixão,
Não se perca na depressão,
Teu coração ainda poderá pegar fogo como um vulcão,
Logo chegara um anjo na sua vida,
Não se desespere menina mimosa!
Teu cheiro é suave como as essências esmagas das  rosas!
Nada é eterno nem mesmo a dor,
Levante a cabeça sobre o escombros,
O vento quente aquece seus lábios,
Amanhã terá um novo  amor para te da adeus!
Lhe  visitar nos outro dia,
Todo dia haverá uma nova partida!
Esses verso triste fiz para ti e e seu amado! 
Nascerá o novo brilho no amanhã,
  Dia ensolarado!


Maria


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Curiosidades sobre Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Augusto dos Anjos
Nascimento 20 de abril de 1884
Cruz do Espírito Santo
, Paraíba
Morte 12 de novembro de 1914 (30 anos)
Leopoldina
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação poeta e professor
Escola/tradição Pré-modernismo, Modernismo
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Cruz do Espírito Santo, 20 de abril de 1884Leopoldina, 12 de novembro de 1914) foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos, como o poeta Ferreira Gullar, preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas.
É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por críticos literários.

Índice

[esconder]

Biografia

Um dos maiores biógrafos de Augusto dos Anjos é outro conterrâneo seu, o médico paraibano Humberto Nóbrega, trazendo à tona A poética carnavalizada de Augusto dos Anjos[1] uma das críticas mais relevantes às contribuições à investigação científica sobre o EU[2] por meio de sua obra de longo fôlego[3], publicada em 1962, pela editora da primeira Universidade Federal da Paraíba, na qual o biógrafo Humberto Nóbrega foi também Reitor.
Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco, atualmente no município de Sapé, Estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano, onde viria a ser professor em 1908. Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos sete anos de idade.
Em 1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1907. Em 1910 casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura, influenciaria muito na construção de sua dialética poética e visão de mundo.
Com a obra de Herbert Spencer, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a essência das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade. De Ernst Haeckel, teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e de que a morte e a vida são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria inspirado a perceber que o aniquilamento da vontade própria seria a única saída para o ser humano. E da Bíblia Sagrada ao qual, também, não contestava sua essência espiritualística, usando-a para contrapor, de forma poeticamente agressiva, os pensamentos remanescentes, em principal os ideais iluministas/materialistas que, endeusando-se, se emergiam na sua época.
Essa filosofia, fora do contexto europeu em que nascera, para Augusto dos Anjos seria a demonstração da realidade que via ao seu redor, com a crise de um modo de produção pré-materialista, proprietários falindo e ex-escravos na miséria. O mundo seria representado por ele, então, como repleto dessa tragédia, cada ser vivenciando-a no nascimento e na morte.
Dedicou-se ao magistério, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor em vários estabelecimentos de ensino. Faleceu em 12 de novembro de 1914, às 4 horas da madrugada, aos 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais, onde era diretor de um grupo escolar. A causa de sua morte foi a pneumonia.
Durante sua vida, publicou vários poemas em periódicos, o primeiro, Saudade, em 1900. Em 1912, publicou seu livro único de poemas, Eu. Após sua morte, seu amigo Órris Soares organizaria uma edição chamada Eu e Outras Poesias, incluindo poemas até então não publicados pelo autor.

Curiosidades biográficas

  • Um personagem constante em seus poemas é um pé de tamarindo que ainda hoje existe no Engenho Pau d'Arco.
  • Seu amigo Órris Soares contou que Augusto dos Anjos costumava compor "de cabeça", enquanto gesticulava e pronunciava os versos de forma excêntrica, e só depois transcrevia o poema para o papel.
  • De acordo com Eudes Barros, quando morava no Rio de Janeiro com a irmã, Augusto dos Anjos costumava compor no quintal da casa, em voz alta, o que fazia sua irmã pensar que era doido.
  • Embora tenha morrido de pneumonia, tornou-se conhecida a história de que Augusto dos Anjos morreu de tuberculose, talvez porque esta doença seja bastante mencionada em seus poemas.

Obra poética

A poesia brasileira estava dominada por simbolismo e parnasianismo, dos quais o poeta paraibano herdou algumas características formais, mas não de conteúdo. A incapacidade do homem de expressar sua essência através da "língua paralítica" (Anjos, p. 204) e a tentativa de usar o verso para expressar da forma mais crua a realidade seriam sua apropriação do trabalho exaustivo com o verso feito pelo poeta parnasiano. A erudição usada apenas para repetir o modelo formal clássico é rompida por Augusto dos Anjos, que se preocupa em utilizar a forma clássica com um conteúdo que a subverte, através de uma tensão que repudia e é atraída pela ciência.
A obra de Augusto dos Anjos pode ser dividida, não com rigor, em três fases, a primeira sendo muito influenciada pelo simbolismo e sem a originalidade que marcaria as posteriores. A essa fase pertencem Saudade e Versos Íntimos. A segunda possui o caráter de sua visão de mundo peculiar. Um exemplo dessa fase é o soneto Psicologia de um Vencido. A última corresponde à sua produção mais complexa e madura, que inclui Ao Luar.
Sua poesia chocou a muitos, principalmente aos poetas parnasianos, mas hoje é um dos poetas brasileiros que mais foram reeditados. Sua popularidade se deveu principalmente ao sucesso entre as camadas populares brasileiras e à divulgação feita pelos modernistas.
Hoje em dia diversas editoras brasileiras publicam edições de Eu e Outras Poesias.

Crítica literária

Que ninguem doma um coração de poeta![4] é um ensaio sobre o soneto “Vencedor” e o EU que constata um Augusto dos Anjos convicto em instaurar uma nova civilização brasileira que assombrará o mundo por meio dum novo estatuto à palavra feia e federonta arrombando as portas à nova poética do Cosmos. Assim Augusto dos Anjos reivindica um novo Cosmos a Deus, pois está inconformado e quer salvar a humanidade, encarnando também um novo Cristo por acreditar piamente que ele não morreu, pois em carne, osso e sangue vive na Serra da Borborema, lá na Velha Paraíba onde nasceu.
A poética[5] EU de Augusto dos Anjos, assentada em bases sólidas do verossímil e da unidade clássica do filósofo Aristóteles, necessita de risco, fazer o que tem de ser feito, no seu projeto fracassado dum novo Cosmos que ressuscita à vida duma nova Roma instaurada noutra nova civilização brasileira frente ao velho mundo.
Trata-se duma poética da transgressão que se dá à janela livre da globalização ao unir os povos numa só nação chamada Brasil, por estar à frente de seu tempo e na vanguarda cultural da unidade das nações também à luz da pluralidade [6], de Paul Feyerabend.
Nem é à toa que no livro A poética carnavalizada de augusto dos anjos[1] o crítico constate como em todo o EU e no soneto “Vencedor” há um poeta atormentado em instaurar uma nova civilização brasileira que assombrará o mundo por meio de seu novo estatuto dado à palavra feia e federonta como a cloaca que alimenta à hiena, animal desvairado que ainda assim sorrir. Palavra esdrúxula e excêntrica essa que arromba as portas da unidade clássica à literatura universal por meio de sua poética da pluralidade, da transgressão, ordinária e inclassificável.
A festa da carne é resultado da Recepção e transgressão: o público de Augusto dos Anjos[7] outra pesquisa científica desenvolvida por meio de Engenharia da Informação na mídia e na net dando acesso a aproximados 10.064.090 milhões de registros e referências crítico-literárias só no Google, dentre outros levantados pelo pesquisador e autor da página eletrônica sob a URL http://montgomeryvasconcelos.zip.netBrasil, o signo da corrupção, divulgando críticas como A poética carnavalizada de augusto dos anjos. A ideia de conjunto da obra angelina o EU é essa festa da carne, entre outras poéticas da intersemiose na semiótica da literatura e nas artes, que são desenvolvidas também na Fundação Científica Reis de Leão e das Astúrias, hospedada na página eletrônica sob a URL http://fucirla.spaces.live.com, em São Paulo-SP. nos quais a poesia e a prosa do poeta paraibano apresentam a face negra de
A poética carnavalizada de Augusto dos Anjos é a festa da carne, o carnaval, apresentando-se com a mesma sinonímia triádica da sátira menipéia, que Bakhtin, em seu livro Problemas da poética de Dostoiévski, resgata lá nas manifestações carnavalescas da antiguidade grega por meio de Menipo de Gadare, seu criador que lhe dá nome.
Nem é à toa também que o poeta de EU, Augusto dos Anjos, explore em sua poética expressões tétricas como "Evangelho da podridão", "verme", "matéria em decomposição", “cloaca”, "escarro", “miseria”, “grito”, “horrenda”, “alegre” e "sangue". Todavia tudo junto e misturado às palavras alegres da literatura carnavalizada, que vai abrindo a cena inaugural da miséria nacional por meio dum estranho circo de horrores. É como se criasse assim nessa poética uma metalinguagem cinematográfica sobre o corpo devorado por seus próprios vermes. E o faz por meio duma escritura em plena festa da carne, o carnaval.
Enfim, a sátira menipéia manifesta-se pois também nessa poética aristotélica de EU. Mas ao mesmo tempo é uma poética da transgressão, uma autêntica e original "coroação destronamento"[8]. Trata-se de polifonia, dialogismo e discurso social confluindo na categoria explorada por Bakhtin em sua tríade filológica: "primeira peculiaridade", "segunda peculiaridade" e "terceira peculiaridade", equidistantes à tríade semiótica de Peirce: primeiridade, secundidade, terceiridade, que se vão corresponder também com a tríade de Lacan: real, simbólico, imaginário.
A poética EU do maior poeta paraibano do século XX, Augusto dos Anjos, é o grito desesperado para salvar a humanidade por meio de seu projeto fracassado, na promessa de ressurreição tal como sucedeu com Jesus Cristo, vencendo a morte da estética e a instaurando numa cena inaugural doutra nova e gigantesca civilização brasileira que assombrará o mundo.
Se o artista na pintura do quadro Banho Turco faz a reprodução da carne, o poeta Augusto dos Anjos propaga sua apologia da carne, a partir de EU e do soneto "Vencedor", conforme constata o ensaio crítico Que ninguem doma um coração de poeta![9] Augusto dos Anjos, na sua poética da transgressão, instaura a festa da carne, a subversão, a constatação da miséria da natureza humana: espírito e corpo, da matéria; as virtudes sociais humanas, a moral cristã, a política, a cultura, a economia, a saúde, a sociologia, a antropologia e a ética, são questionadas, à luz das teorias científicas vigentes na época desse poeta à frente de seu tempo. É como se Augusto dos Anjos abrisse a cena inaugural de sua poética do Cosmos por meio de estranha epifania, com o propósito imperioso de salvar a humanidade numa nova Roma instaurada noutra civilização brasileira que assombrará o mundo.
Sua linguagem orgânica, muitas vezes cientificista e agressivamente crua, mas sempre com ritmados jogos de palavras, ideias, e rimas geniais, causava repulsa na crítica e no grande público da época. Ele somente apresentou grande vendagem anos após a sua morte.
Muitas divergências há entre os críticos de Augusto dos Anjos quanto à apreciação de sua obra e suas posições são geralmente extremas. De qualquer forma, seja por ácidas críticas destrutivas, seja através de entusiasmos exaltados de sua obra poética, Augusto dos Anjos está longe de se passar despercebido na literatura brasileira.

Abordagem biográfica

O aspecto melancólico da sua poesia, que a marca profundamente, é interpretado de diversas maneiras. Uma vertente de críticos, na qual se inclui Ferreira Gullar, fundamenta a melancolia da obra na biografia do homem Augusto dos Anjos. Para Gullar, as condições de nossa cultura dependente dificultam uma expressão literária como a de Augusto dos Anjos, em que se rompe com a imitação extemporânea da literatura europeia. Essa ruptura de Augusto dos Anjos ter-se-ia dado menos por uma crítica à literatura do que por uma visão existencial, fruto de sua experiência pessoal e temperamento, que tentou expressar na forma de poesia. A poesia de Augusto dos Anjos é caracterizada por Gullar como apresentando aspectos da poesia moderna: vocabulário prosaico misturado a termos poéticos e científicos; demonstração dos sentimentos e dos fenômenos não através de signos abstratos, mas de objetos e ações cotidianas; a adjetivação e situações inusitadas, que transmitem uma sensação de perplexidade. Ele compara a miscigenação de vocabulário popular com termos eruditos do poeta ao mesmo uso que faz Graciliano Ramos. Descreve ainda os recursos estilísticos pelos quais Augusto dos Anjos tematiza a morte, que é personagem central de sua poesia, e o compara a João Cabral de Melo Neto, para quem a morte é apresentada de forma crua e natural.

Abordagem psicanalítica

Outros, Como Chico Viana, procuram explicar a melancolia através dos conceitos psicanalíticos. Para Sigmund Freud, a melancolia é um sentimento parecido com o luto, mas se caracteriza pelo desconhecimento do melancólico a respeito do objeto perdido. A origem da melancolia da poesia de Augusto dos Anjos estaria, para alguns críticos, em reflexões de influências política com os problemas de sua família, e num conflito edipiano de sua infância.

Abordagem bloomiana

Há ainda aqueles que tentam analisar a poesia de Augusto dos Anjos baseada em sua criatividade como artista, de acordo com o conceito da melancolia da criatividade do crítico literário norte-americano Harold Bloom. O artista seria plenamente consciente de sua capacidade como poeta e de seu potencial para realizar uma grande obra, manifestando, assim, o fenômeno da "maldição do tardio". Sua melancolia viria da dificuldade de superar os "mestres" e realizar algo novo. Sandra Erickson publicou um livro sobre a melancolia da criatividade na obra de Augusto dos Anjos, no qual chama especial atenção para a natureza sublime da poética do poeta e sua genial apropriação da tradição ocidental. Segundo a autora, o soneto é a égide do poeta e, munido dele, Augusto dos Anjos consegue se inserir entre os grandes da tradição ocidental.

Unanimidades

De forma geral, no entanto, sua poesia é reconhecidamente original. Para Álvaro Lins e para Carlos Burlamaqui Kopke, sua singularidade está ligada à solidão, que também caracteriza sua angústia. Eudes Barros, em seu livro A Poesia de Augusto dos Anjos: uma Análise de Psicologia e Estilo, nota o uso inusitado dos adjetivos por Augusto dos Anjos, e qualifica seus substantivos como extremamente sinestésicos, criando dimensões desconhecidas para a adjetivação convencional. Manuel Bandeira destaca o uso das sinéreses como forma de representar a impossibilidade da língua, ou da matéria, para expressar os ideais do espírito. Portanto, os recursos estilísticos de Augusto dos Anjos se reconhecem como geniais.
As imagens da obra poética de Augusto dos Anjos se caracterizam pela teratologia exacerbada, por imagens de dor, horror e morte. O uso da racionalidade, e assim da ciência, seria uma forma de superar a angústia da materialidade e dos sentimentos. Mas a Ciência, que marca fortemente sua poesia, seja como valorizada ou através de termos e conceitos científicos, também lhe traz sofrimento, como nota Kopke. É marcante também a repetição de temas nessa poesia, e um sentimento de solidariedade universal, ligado à desumanização da natureza e até do próprio humano, o que reduziria todos os seres a uma só condição.
Os contrastes peculiarizam seus temas. Idealismo e materialismo, dualismo e monismo, heterogeneidade e homogeneidade, amor e dor, morte e vida, "Tudo convém para o homem ser completo", como diz o próprio poeta em Contrastes.

Curiosidades da obra literária

  • Um exemplar do Eu faz parte da biblioteca da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, por causa dos termos científicos que Augusto dos Anjos utilizava em suas composições.
  • "Eu e outras poesias" (disponível gratuitamente em PDF) é a reunião do livro "Eu" (publicado em vida) a outras poesias que foram acrescentadas postumamente à obra.

Academia Paraibana de Letras

É patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras, que teve como fundador o jurista e ensaísta José Flósculo da Nóbrega e como primeiro ocupante o seu biógrafo Humberto Nóbrega, sendo ocupada, atualmente, por José Neumanne Pinto.

Bibliográficas

Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Augusto dos Anjos
Wikisource
O Wikisource possui trabalhos escritos por este autor: Augusto dos Anjos
  • ANJOS, Augusto dos [1884-1914]. EU. 1ª ed., revista e custeada pelo poeta ainda em vida com ajuda de seu irmão Odilon dos Anjos, Rio de Janeiro: [s.c.p.] 1912.
  • _______. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996.
  • BARROS, Eudes. A poesia de Augusto dos Anjos: uma análise de psicologia e estilo. Rio de Janeiro: Ouvidor, 1974.
  • ERICKSON, Sandra S. F. A melancolia da criatividade na poesia de Augusto dos Anjos. João Pessoa: Editora Universitária, 2003.
  • GULLAR, Ferreira. "Augusto dos Anjos ou vida e morte nordestina". In: ANJOS, Augusto dos. Toda a poesia; com um estudo crítico de Ferreira Gullar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
  • HELENA, Lucia. A cosmo-agonia de Augusto dos Anjos. 2ª ed., Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, Biblioteca Tempo Universitário — 47; João Pessoa: Secretaria da Educação e Cultura da Paraíba/Comissão do Centenário de Augusto dos Anjos, 1984.
  • NÓBREGA, Humberto. Augusto dos Anjos e sua época. João Pessoa: Edição da Universidade da Paraíba, 1962.
  • _______. Augusto dos Anjos. João Pessoa: A União, 1971.
  • VASCONCELOS, Montgômery. A poética carnavalizada de Augusto dos Anjos. São Paulo: Annablume, 1996.
  • VIANA, Chico (Pseudônimo de Francisco José Gomes Correia). O evangelho da podridão: culpa e melancolia em Augusto dos Anjos. João Pessoa: UFPB, 1994.
  • _______. A sombra e a quimera: escritos sobre Augusto dos Anjos. João Pessoa: Idéia/Universitária, 2000.
Na página da USP na internet, são dadas as seguintes indicações de leitura:
  • PROENÇA, Manuel Cavalcanti de. O artesanato em Augusto dos Anjos, em Augusto dos Anjos e outros ensaios. Rio de Janeiro/Brasília: Grifo/INL, 1973;
  • MAGALHÃES JUNIOR, Raimundo de. Poesia e vida de Augusto dos Anjos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978;
  • ROSENFELD, Anatol. A costela de prata de Augusto dos Anjos, em Texto e contexto. São Paulo: Perspectiva, 1973.

Ligações externas

Referências

  1. a b VASCONCELOS, Montgomery José de. A poética carnavalizada de Augusto dos Anjos. 1ª ed., São Paulo, Annablume, Selo Universidade 28, 1996.
  2. ANJOS, Augusto dos [1884-1914]. EU. 1ª ed., custeada pelo poeta e seu irmão Odilon dos Anjos, Rio de Janeiro [s.c.p.] 1914.
  3. NÓBREGA, Humberto. Augusto dos Anjos e sua época. João Pessoa, Edição da Universidade da Paraíba, 1962.
  4. Ensaio publicado na página http://montgomery1953.wordpress.com do pesquisador Montgômery Vasconcelos que empreende 35 anos de investigação científica em torno da poética de Augusto dos Anjos.
  5. ARISTÓTELES [384-322 a.C.]. Poética. Tradução Eudoro de Souza, texto bilíngüe grego-português, São Paulo, Ars Poética, 1992.
  6. Contra o MétodoFEYERABEND, Paul [1924-1994]. Contra o método: edição revista. 1ª ed., New Left Books, 1975; Ed. rev. Verso, 1988; Ed. rev., Col. Ciência, Tradução de Miguel Serras Pereira do original Against Method, Lisboa, Relógio D’água, 1993.
  7. VASCONCELOS, Montgômery. Recepção e transgressão: o público de Augusto dos Anjos. Tese de doutoramento apresentada à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de pós-graduação em Comunicação e Semiótica, 2002.
  8. BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich.. Problemas da poética de Dostoiévski. Tradução de Paulo Bezerra, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1981.
VERSOS ÍNTIMOS
Vês?!  Ninguém assistiu ao formidável 
Enterro de tua última quimera. 
Somente a Ingratidão — esta pantera — 
Foi tua companheira inseparável! 
Acostuma-te à lama que te espera! 
O Homem, que, nesta terra miserável, 
Mora, entre feras, sente inevitável 
Necessidade de também ser fera. 
Toma um fósforo.  Acende teu cigarro! 
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, 
A mão que afaga é a mesma que apedreja. 
Se a alguém causa inda pena a tua chaga, 
Apedreja essa mão vil que te afaga, 
Escarra nessa boca que te beija!


INTIMATE VERSES
No one attended, as you 've seen, your last
Chimera's awe-inspiring funeral.
Ingratitude — that panther — has been all
Your company, but it has been steadfast!

Get used to mud: soon it will hold you fast!
Man living among wild beasts on this foul
And sordid earth cannot resist the call
To turn himself as well into a beast.

Here, take a match. Now light your cigarette!
A kiss is but the eve of being spat,
A stroking hand, my friend, may stone you too.

If your great wound still saddens anyone,
Cast at that vile hand stroking you a stone,
Spit straight into the mouth that k

  1. http://fucirla.wordpress.com
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  6.  
  7. Fonte:Google
  8. Maria