segunda-feira, 16 de maio de 2011

Curiosidades sobre Florbela Espanca....






Filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca nasceu no dia 8 de Dezembro de 1894 em Vila Viçosa, no Alentejo. O seu pai herdou a profissão do sapateiro, mas passou a trabalhar como antiquário, negociante de cabedais, desenhista, pintor, fotógrafo e cinematografista. Foi um dos introdutores do “Vitascópio de Edison” em Portugal[3].
Seu pai era casado com Mariana do Carmo Toscano[4]. A sua esposa não pôde dar-lhe filhos. Porém, João Maria resolveu tê-los – Florbela e Apeles, três anos mais novo – com outra mulher, Antónia da Conceição Lobo, de condição humilde. Ambos os irmãos foram registados como filhos ilegítimos de pai incógnito[5]. Entretanto, João Maria Espanca criou-os na sua casa, e Mariana passou a ser madrinha de baptismo dos dois. João Maria nunca lhes recusou apoio nem carinho paternal, mas reconheceu Florbela como a sua filha em cartório só dezoito anos depois da morte dela[3].
Entre 1899 e 1908, Florbela frequentou a escola primária em Vila Viçosa[5]. Foi naquele tempo que passou a assinar os seus textos Flor d’Alma da Conceição[6]. As suas primeiras composições poéticas datam dos anos 1903 - 1904[3]: o poema “A Vida e a Morte”, o soneto em redondilha maior em homenagem ao irmão Apeles, e um poema escrito por ocasião do aniversário do pai. Em 1907, Florbela escreveu o seu primeiro conto: “Mamã!” No ano seguinte, faleceu a sua mãe, Antónia, com apenas vinte e nove anos[3].
Flor ingressou então no Liceu Masculino André de Gouveia em Évora, onde permaneceu até 1912[7]. Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar o curso secundário[6]. Durante os seus estudos no Liceu, Florbela requisitou diversos livros na Biblioteca Pública de Évora, aproveitando então para ler obras de Balzac, Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro, Garrett. Quando ocorreu a revolução de 5 de Outubro de 1910, Florbela está há dois dias com a família na capital, no Francfort Hotel Rossio, mas não se conhecem comentários seus à sua vivência deste dia [1].
Em 1913 casou-se em Évora com Alberto de Jesus Silva Moutinho, seu colega da escola. O casal morou primeiro em Redondo[3]. Em 1915 instalou-se na casa dos Espanca em Évora, por causa das dificuldades financeiras[6].
Em 1916, de volta a Redondo, a poetisa reuniu uma selecção da sua produção poética desde 1915, inaugurando assim o projeto Trocando Olhares[3]. A coletânea de oitenta e cinco poemas e três contos serviu-lhe mais tarde como ponto de partida para futuras publicações[8]. Na época, as primeiras tentativas de promover as suas poesias falharam.
No mesmo ano, Florbela iniciou a colaborar como jornalista em Modas & Bordados (suplemento de O Século de Lisboa), em Notícias de Évora e em A Voz Pública, também evorense[3]. A poetisa regressou de novo a esta cidade em 1917. Completou o 11º ano do Curso Complementar de Letras e matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Lisboa[6]. Foi uma das catorze mulheres entre trezentos e quarenta e sete alunos inscritos[5].
Um ano mais tarde a escritora sofreu as consequências de um aborto involuntário, que lhe teria infectado os ovários e os pulmões[3]. Repousou em Quelfes (Olhão), onde apresentou os primeiros sinais sérios de neurose[6].
Em 1919 saiu a sua primeira obra, Livro de Mágoas, um livro de sonetos. A tiragem (duzentos exemplares[3]) esgotou-se rapidamente[6]. Um ano mais tarde, sendo ainda casada, a escritora passou a viver com António José Marques Guimarães[6], alferes de Artilharia da Guarda Republicana.
Em meados do 1920 interrompeu os estudos na faculdade do Direito. Em 29 de Junho de 1921 pôde finalmente carsar-se com António Guimarães. O casal passou a residir no Porto, mas, no ano seguinte, transferiu-se para Lisboa, onde Guimarães se tornou chefe de gabinete do Ministro do Exército[3].
Em 1922, a 1 de Agosto, a recém fundada Seara Nova publicou o seu soneto “Prince charmant...”, dedicado a Raul Proença[3]. Em Janeiro de 1923 veio a lume a sua segunda coletânea de sonetos, Livro de Sóror Saudade, edição paga pelo pai da poetisa. Para sobreviver, Florbela começou a dar aulas particulares de português[3].
Em 1925, divorciou-se pela segunda vez[6]. Esta situação abalou-a muito. O seu ex-marido, António Guimarães, abriu mais tarde uma agência, “Recortes”, que coleccionava notas e artigos sobre vários autores. O seu espólio pessoal reúne o mais abundante material que foi publicado sobre Florbela, desde 1945 até 1981. Ao todo são 133 recortes[6].

Florbela Espanca, por Bottelho (2008).
Ainda em 1925, a poetisa casou com o médico Mário Pereira Lage, que conhecia desde 1921 e com quem vivia desde 1924. O casamento decorreu em Matosinhos, no Distrito do Porto, onde o casal passou a morar a partir de 1926[3].
Em 1927 a autora principiou a sua colaboração no jornal D. Nuno de Vila Viçosa, dirigido por José Emídio Amaro[3]. Naquele tempo não encontrava editor para a coletânea Charneca em Flor. Preparava também um volume de contos, provavelmente O Dominó Preto, publicado postumamente apenas em 1982. Começou a traduzir romances para as editoras Civilização e Figueirinhas do Porto[3].
No mesmo ano, Apeles, o irmão da escritora, faleceu num trágico acidente de avião[3]. A sua morte foi para a autora realmente dolorosa. Em homenagem ao irmão, Florbela escreveu o conjunto de contos de As Máscaras do Destino, volume publicado postumamente em 1931. Entretanto, a sua doença mental agravou-se bastante[6]. Em 1928 ela teria tentado o suicídio pela primeira vez [3].
Em 1930 Florbela começou a escrever o seu Diário do Último Ano, pubicado só em 1981. A 18 de Junho principiou a correspondência com Guido Battelli, professor italiano, visitante na Universidade de Coimbra, responsável pela publicação da Charneca em Flor em 1931[3]. Na altura, a poetisa colaborou também no Portugal feminino de Lisboa, na revista Civilização e no Primeiro de Janeiro, ambos do Porto[3].
Florbela tentou o suicídio por duas vezes mais em Outubro e Novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor[6]. Após o diagnóstico de um edema pulmonar[6], a poetisa perdeu o resto da vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa do suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário, a 8 de Dezembro de 1930. A causa da morte foi a sobredose de barbitúricos[3].
A poetisa teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do avião pilotado por Apeles na hora do acidente[3]. O corpo dela jaz, desde 17 de Maio de 1964, no cemitério de Vila Viçosa, a sua terra natal[5].
Leia-se a quadra desse "admirável soneto que é o seu voo quebrado e que principia assim"[9]:
Não tenhas medo, não! Tranquilamente,//Como adormece a noite pelo outono,//Fecha os olhos, simples, docemente,//Como à tarde uma pomba que tem sono...




 



Há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada, que me saiba perder...para me encontrar....
Florbela Espanca







http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca


Fonte: google


Maria

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